CONHECENDO A ANA CLARA
CONHECENDO A ANA CLARA
Ana Clara chegou na Instituição aos 3 anos na
companhia de sua mãe, no colo, fazia uso de bico, não se comunicava oralmente,
usava fraldas, objeto de apego (Uma flanela), necessitou de estímulos e apoio
para se locomover. Ao se alimentar a criança necessitou de auxílio para levar os
talheres e copos até a boca, se sentar com segurança a mesa, necessitando também
de estímulos para experimentar a diversidade alimentar ofertada.
Ao chegar com a criança
observamos que a mãe se sentiu insegura em deixá-la aos cuidados de outro
adulto, abraçando-a mantendo-a no colo, olhou aleatoriamente para a equipe de
professores e crianças ali presentes e perguntou: Essa será a salinha que minha
filha irá ficar? Nos aproximamos da família e convidamos a conhecer a sala,
amigos e tentar despertar o interesse da criança para a atividade que estávamos
propondo e realizar o diálogo com a família, afirmamos que sim, mas que
poderíamos confirmar porque a criança parecia ser menor que a faixa etária
atendida por estar no colo um pouco curvada. Retomamos o diálogo e perguntamos a
idade, de onde vieram se moravam próximos, foi quando a mãe se acalmou e disse:
“Não sei o que minha filha tem? mas ela tem algo! precisa de ajuda!”. Abraçamos
aquela mãe que deixou a filha dá os primeiros passos naquele espaço, nos
mostramos alegres em recebê-la conosco.
Com o passar dos dias iniciamos o diálogo
com a mãe afim de que ela conseguisse dar o tchau de maneira mais tranquila,
neste momento falamos sobre a rotina, proposta de trabalho e perguntas sobre a
criança, foi quando percebemos que ela caminhava ainda com pouca destreza e na
ponta dos pés, caindo com frequência e necessitando de apoio para se locomover.
De imediato observamos que se tratava de características presentes nos traços
correspondentes ao autismo, nos comunicando com a chefia mediata que nos sugeriu
a observar um pouco mais para depois se comunicar com a família e por vários
dias a observamos: Saia com frequência sem aviso prévio se afastando do grupo,
pouco se socializava junto aos seus pares em alguns momentos percebemos que
preferia a companhia de amigos maiores de outros agrupamentos, realizava
movimentos involuntários com as mãos e corpo acompanhados com ou sem som,
permanecia com um olhar distante por tempo significativo enquanto brincava
sozinha com algum brinquedo e para participar de atividade dirigidas era
necessário auxílio constante.
Durante o momento das refeições
necessitou de auxílio para se manter a mesa, se alimentar, e usar os talheres.
Para a auxiliar realizamos: Combinados com o uso de imagens ilustrativas que
trazia a proposta do: respeito ao próximo, cuidar e tratar com carinho uns aos
outros. Algo que deu muito certo pois as crianças do agrupamento a receberam com
muito esmero, comunicando sempre as professoras onde ela estava quando se
afastava do grupo, auxiliando a caminhar e subir/descer dos brinquedos,
convidando ela para brincar junto com eles.
As crianças do agrupamento logo que
avistaram Ana Clara perguntaram: Ela é uma neném professora? Como podemos
ajudar a cuidar dela? O que ela tem?. Sentamos em roda de conversa para
ouvi-los e explicar que Ana Clara está aprendendo a fazer novos amigos e que
antes ela ficava mais em casa e quase não tinha amigos para brincar, afirmando a
eles que ela iria precisar da ajuda de todos para aprender a brincar, então a
maioria das crianças demonstraram o desejo de serem amigos dela pois diziam: Eu
quero ser amigo dela, eu também, chegando neste momento até entrar em atrito
entre eles, foi então que mediamos aquele momento fazendo o combinado de ter um
ajudante por dia seguindo a ordem de chamada, eles se mostraram entusiasmados
com a proposta. Esse ajudante iria nos acompanhar junto com a Ana Clara ao
banheiro , no parque , durante as refeições e demais atividades nos comunicando
sempre que ela se afastasse do nosso grupo ,auxiliando a buscá-la demonstrando
neste momento carinho e atenção ajudando no diálogo de ela é importante para nós
e sua presença nos deixa feliz. Este momento foi significativo para todos nós
enquanto profissional, pois víamos eles a auxiliar a levar os alimentos a boca,
apoiá-la enquanto subia e descia dos brinquedos, ajudando a se levantar
quando caía, e durante as atividades individuais e coletivas do agrupamento. Esta iniciativa ajudou Ana Clara a conhecer melhor a rotina na coletividade, e
se aproximar dos amigos do agrupamento, propiciando contato com várias pessoas, favorecendo as relações interpessoais.
Ana Clara tinha o comportamento de
brincar constantemente com os mesmos brinquedos e demonstrando apego ficando
triste e contrariada quando algum amigo pegava ou pedia para brincar junto com
ela. Mediávamos conversando, brincando junto com eles e realizando combinados
para aquela brincadeira e aos poucos ela foi aprendendo a compartilhar seus
pertences. Durante a rotina diária a parceria constante entre a auxiliar e
professora foi algo importante pois garantia que ela participasse da rotina de
modo que trouxesse benefícios para o seu desenvolvimento. Nestes momentos
realizamos: Convites para participar das atividades planejadas através de
combinados com imagens, a direcionamos o olhar através do contato mais próximo
a pegando em alguns momentos no colo ou se sentar próxima a ela, trouxemos
curtas metragens para explorar os projetos, nas atividades realizamos todos
juntos mas tendo uma aproximação maior com ela a auxiliando sempre que
necessário e aos poucos percebemos que ela foi se despertando a participar das
atividades propostas em sala: Tendo interesse por pinturas em aquarela,
colagens, atividades com água tesoura e brincadeiras dirigidas.
Ao se deslocar
no pátio realizava passos largos como se tivesse o desejo de correr, porém caia
e arranhava os joelhos, tendo o comportamento de se mostrar triste e procurar
carinho e atenção dos profissionais que a acalmava a pegando no colo ofertando
carinho e atenção sempre a estimulando a continuar a explorar a área dos parques
a segurando pelas mãos e caminhando pelo espaço junto com ela e os amigos do
agrupamento, e aos poucos logo reiniciou suas tentativas de explorar os parques.
Começou a ter interesse em subir e descer dos brinquedos, e quando isso
acontecia ela procurava um adulto e segurava nas mãos das professoras levando
até onde ela queria subir para se sentir segura, logo que se sentiu segura
passou a subir e descer dos brinquedos com rapidez e agilidade demonstrando
destreza, percebemos que o seu brinquedo favorito era o balanço, no início foi
necessário sempre ter alguém para a apoiar por trás mas aos poucos ela sentava
sozinha balançava devagar e ao pegar confiança se movimentava rápido enquanto
sorria se mostrando feliz.
A criança começou a perceber a
rotina pois passou a ter o comportamento de se despir no pátio quando estava
próximo o momento do banho, sendo necessário diálogo individual e orientação
para não tirar a roupa fora da sala.
Depois de um tempo em constante observação
comunicamos a coordenação pedagógica que por sua vez teve os primeiros diálogos
com a família, e a criança foi encaminhada a fim de buscar profissionais que
pudessem realizar um possível diagnóstico. De posse de laudo a secretaria enviou
uma psicopedagoga especializada em realizar encaminhamentos e primeiros contatos
com a criança para lhe encaminhar aos órgãos responsáveis pelo seu
desenvolvimento passando a frequentar a Pestalozzi e CRER .
Ana Clara chegou ao
final do ano letivo com algumas conquistas em diversos aspectos do seu
desenvolvimento, passou a andar com maior firmeza, deixou de fazer uso do bico,
ficando alguns momentos sem a fralda fazendo tentativas de usar o banheiro,
segurou talheres e copos se alimentando com autonomia , aproximou das demais
crianças buscando o convívio social compartilhou nestes momentos alguns
brinquedos, subiu e desceu dos brinquedos, demonstrou afetividade para com os
professores e alguns amigos do agrupamento, realizou tentativas de realizar
atividades e aprendeu a permanecer mais tempo junto aos seus pares .
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Professora
Regente: Ana Flávia Rainha de Araújo
Pedagoga - Psicopedagoga Clínica e
Institucional.
Professora Auxiliar: Maria Divina de Souza Saldanha
Pedagoga.
Coordenadora Pedagógica : Maria Helena
Ano : 2016
Agrupamento : EI-E – 4 -11
meses
O primeiro dia da criança na escola é assustador, principalmente para os pais, por isso é importante que essa acolhida transmita confiança. Parabéns, belo trabalho!
ResponderExcluirOlá, Rodrigues A.!
ResponderExcluirEsse primeiro contato é mesmo muito importante.
Obrigado por visitar nossa página!
Abraço.